Minha filha Maria Eduarda, quando tinha dois anos tinha um amigo imaginário que se chamava Pirapora. Eu curti muito essa fase, conversava sempre com ela sobre o amigo e fazia várias perguntas: Como ele era? Era grande ou pequeno? Menino ou menina? Ela sempre respondia e dizia que ele estava sempre por perto. O amigo dela era um homem e não uma criança. Essa fase passou e hoje ela não lembra desse momento.
O amigo imaginário é apenas uma das formas de lidar com a realidade, e não está diretamente relacionado ao nível de criatividade e imaginação da criança. Também não é verdade que filho único tem laços mais estreitos com eles. Para muitas crianças, é mais fácil usar uma boneca, um carrinho ou um bicho de pelúcia para entrar nesse jogo simbólico de fantasia. Algumas fingem ser outra pessoa, outras cantam, dançam e conversam. E tem aquelas que inventam um amigo só seu, com pensamentos, vontades e conselhos sob medida para atender aos anseios de seu criador.
Se seu filho tem um amigo imaginário, relaxe! Se ele tem diálogos com alguém que você não enxerga, relaxe! Ele não está vendo espíritos, nem alucinando, só está usando a imaginação, a criança é um imaginário ambulante.
O que você deve fazer então é curtir esse momento e deixá-la vivenciar essa experiência. Não diga que aquilo é uma besteira e que esse amigo não existe. A criança precisa brincar sozinha também, para elas ter um amigo inventado é o modo que elas encontraram de entender o mundo, por meio das brincadeiras elas aprendem sobre o mundo dos adultos.
No desenho Charlie e Lola, a Lola tem um amigo invisível chamado Soren Lorensen, eu gosto muito desse desenho. O amigo imaginário só deve ser uma preocupação quando a criança começa a recusar a entrada na realidade, se for o caso procure um especialista.
Curta esse momento e não atrapalhe a brincadeira do seu filho, ele é um bom companheiro para ele.
Vale ressaltar que tudo isso é considerado saudável: é com base nessa experiência que o menino ou a menina, de acordo com os psicólogos, começa a se relacionar com o mundo e expressar as emoções. Em geral, não há o que os pais possam temer. Propiciar mais momentos de diversão e ajudar na aceitação de limites são os principais benefícios dessa amizade – desde que a fantasia não se sobreponha à realidade.
Ana Melissa Mangueira Vieira Pereira
Diretora Educacional do Colégio Dom Quintino
Fundadora do InstaBlog @educadicas com dicas educativas para pais,
mães e educadores em geral.