Estamos vivendo em um mundo cada vez mais confuso e muitas vezes até nós mesmos que somos adultos e pensamos ser “bem resolvidos” podemos nos sentir um pouco perdidos em meio a tantas mudanças.
As crianças estão se tornando adolescentes cada vez mais cedo junto com a correnteza da vida corrida das metrópoles, com as agendas cheias e o ataque constante da mídia gerando uma necessidade artificial de consumo. Muitas delas trocam precocemente o encanto de brincar pela falsa ilusão de comprar, e acumulam brinquedos sem aproveitar deles. Só se interessam por eles alguns instantes e depois os deixam na prateleira e seguem em busca de outro. As crianças estão desaprendendo a brincar? Afinal, é essa a mentalidade da nossa sociedade de consumo.
Hoje em dia também nossas crianças estão sendo muito mais exigidas: precisam saber informática, inglês, fazer vários esportes, etc. E na tentativa de dar conta de tudo isso elas acabam se sobrecarregando e desenvolvendo sintomas como ansiedade, agressividade, angústia, medo, enurese, entre outros. Diante de tudo isso penso ser importante pararmos um pouco para refletir sobre a infância. Sobre os espaços onde as crianças realmente podem ser crianças. E refletir também sobre que tipo de futuro as aguarda.
Sempre que alguém me pergunta sobre quando deve levar o filho ao psicólogo ou sobre a importância da Psicologia infantil eu fico pensando sobre essas questões da infância moderna. Há vários fatores que podem fazer você ficar mais atento e procurar uma orientação de um profissional. Muitas vezes um sintoma físico, como uma dor de cabeça persistente e sem causa orgânica aparente ou fatores emocionais como uma mudança brusca de comportamento, podem ser o gatilho para que a família procure um psicólogo. Ou também para passar com mais tranquilidade por alguns dos momentos de mudança que passamos na vida: como a morte de um ente querido ou uma separação de pais. Há também, os pacientes que são encaminhados pela escola por apresentarem questões com aprendizagem ou comportamento.
Afora todas essas questões da sociedade moderna, são características próprias da infância e da adolescência, em todas as épocas, as diversas transformações, tanto físicas e hormonais como também de novas situações de vida que se apresentam.
Inclusive, pensando em psicologia infantil, precisamos estar atentos a algum tipo de dificuldade dos próprios pais no momento de lidar com todas essas mudanças, assim como suas dúvidas e reflexões que podem e devem ser acolhidas pelo terapeuta infantil, para que eles possam adquirir uma maior flexibilidade e aumentar a própria tolerância às frustrações, já que o papel dos pais é de grande, e fundamental importância no processo terapêutico das crianças.
Bem, são muitas as causas que podem levar a família a buscar pela psicologia. Mas respondendo a pergunta do título acho que a Psicologia infantil serve para facilitar as crianças a passarem
adequadamente pelas inúmeras mudanças ocorridas nesse momento de suas vidas. Compreender o que elas estão vivendo e dar a elas um espaço onde possam pensar e elaborar esses processos de uma forma saudável e adequada, tentando fazer com que elas aprendam a lidar com os limites, as frustrações e os próprios sentimentos. Dar a elas a oportunidade de se perceberem como seres únicos, pensantes e desejantes. E muitas vezes também aconselhar os pais, individualmente ou em grupos terapêuticos, na tentativa de facilitar o florescimento daquilo que chamamos de parentalidade: ou seja, tornar-se pai e tornar-se mãe em sua forma mais completa. E, com isso, proporcionando uma maior harmonia familiar.
O processo é muitas vezes longo e é preciso comprometimento, envolvimento, força de vontade e dedicação por parte de todos os envolvidos, mas o resultado, pelo que vejo acontecer no consultório com os meus pacientes, é compensador em termos de qualidade de vida individual e da família, como um todo, em sua relações.
KLICIANE OLIVEIRA
PSICÓLOGA CLÍNICA
CRP 11/3814
(85) 994134224