Aproveitando a chegada do Mês Internacional de Combate ao Suicídio, trazemos um texto da neuropediatra Cristine Aguiar sobre o suicídio infantil:
“No mês de setembro existe um movimento de conscientização do suicídio.
Estas datas servem para se debater os temas e esclarecer a população sobre as várias questões envolvidas.
O suicídio possui grande incidência em crianças a partir de 6 anos. Pode parecer estranho, mas as crianças morrem muito por suicídio.
Trabalhos científicos demostram que entre 6 e 15 anos é a primeira causa de morte!
Então precisamos falar sobre isso, quebrar o tabu deste tema.
Os sintomas de depressão na infância são muito pouco valorizados pela família, que justifica como temperamento ou “besteira”.
Na depressão endógena, de herança hereditária, as crianças não precisam de motivos, a depressão não acontece por causa de algo. Necessita de acompanhamento e tratamento, mas para isso é necessário o diagnóstico!
Para haver diagnóstico, a família tem que dar valor àqueles momentos de tristeza e desânimo sem causa aparente ou de relevância para tanto.
Outros suicídios acontecem pela não visão real da morte, crianças pequenas não entendem o valor definitivo da morte. São suicídios onde realmente não havia o real desejo da morte.
Existem casos tristes, onde não houve nenhum desejo da morte, casos onde a criança fantasia super poderes imitando seus super heróis. Nestes, muitas vezes eles morrem fantasiados, por isso sempre é bom ter o cuidado de lembrar a criança: ‘Você não é o super homem, você está vestido de super homem!’ Na mitomania, a criança encarna o personagem e acredita ter suas características.
Já na pré adolescência o jovem deseja sair de suas dores de forma imediata, não conseguem ver saída para seus problemas. Tudo é muito intenso, o bom e o ruim. Não são raros os casos de suicídio por fim de namoro.
Se acontecer algum momento onde seu filho ameace se matar, não pare a conversa. Se existe esta possibilidade, a criança tem um ideia de como vai se matar, e é importante você saber para tomar cuidados específicos para evitar.
Suicídio não tem volta! Melhor pecar pelo excesso de zelo que negligenciar”.
Cristine Aguiar
Neuropediatra
http://neuropediatriaparavoce.blogspot.com.br/